Áreas de investigação e de intervenção: Será que o nosso meio ambiente constrói o nosso cérebro, o modela e diferencia, o estimula e atrofia? O que tem a ver a nossa história com a nossa saúde e com quem somos? Qual o nosso impacto na sociedade? Que relações existem entre a nossa ética e a moral, entre o normal e a (psico)patologia?
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Comportamentos caídos em desuso: a bondade e a compaixão
Ser atencioso, gentil e prestável não prejudica a saúde ou o bem-estar de quem quer que seja. Pelo contrário: praticar a bondade e a compaixão é extremamente saudável para quem a pratica e para quem a sente. A bondade ajuda a fazer amigos.
Desde
há muito que é conhecido e comprovado pelas informações obtidas nos exames de ressonância
magnética funcional (FMR) que visualizam as regiões do cérebro ativadas por
sensações ou emoções, que até o ato de imaginar compaixão e
bondade,
faz ativar hormonas, regiões
e estruturas no cérebro que nos fazem sentir bem no relacionamento que mantemos
com a outra pessoa.
A bondade é uma disposição natural que o nosso cérebro possui, mas que para se manifestar necessita de se desenvolver e criar características pessoais. É no contacto entre a criança e o seu meio ambiente que esta aprendizagem tem lugar.
Políticos, deputados, governantes e autarcas, de todos os quadrantes
ideológicos, surpreendem-nos frequentemente com comportamentos não expectáveis,
pois parecem-nos rudes, ofensivos e arrogantes. Alguns exemplos do que dizem
políticos:
“Ponto final, paragrafo.”
“Nem mais um cêntimo.”
“Quem parte e reparte e …”
“Vamos pôr Portugal em ordem.”
“Vou proteger as mulheres, quer elas queiram ou não.”
O que leva políticos e governantes a comportamentos tão rudes, onde parece
haver desprezo e indiferença, raiva e até ódio para com os seus pares, como
para com o cidadão anónimo? Como viver em sociedade e negociar entendimentos,
sem respeito, empatia e bondade? Será que governantes e políticos têm perfil
moral, ético e social necessário para exercerem as funções que lhes são
atribuídas?
A nossa saúde melhora com a bondade e a compaixão que conseguirmos sentir e transmitir
Praticar a bondade e a compaixão tem como objetivo que as outras pessoas se
sintam respeitadas e em segurança. É um comportamento incondicional que não
procura retorno ou lucro: reforça-se a si mesmo e multiplica-se. A bondade, é
uma sensação profunda de calma, de respeito próprio, de paz consigo mesmo e com
os outros. Provoca no outro surpresa, encantamento e confiança. Provoca nas
pessoas curiosidade, o desejo de comunicarem e de se conhecerem melhor. A
prática da bondade, da gentileza e da compaixão é extremamente saudável:
transforma (melhora) o nosso cérebro, reduz a nossa ansiedade, a nossa tensão
muscular, o nosso estado de alerta, a nossa desconfiança e ódio, reduz a nossa
desilusão e tristeza, faz-nos acreditar.
A bondade não é fraqueza: é a força do auto-respeito e do carinho partilhados,
que nos
purifica e aproxima uns dos outros. A prática da bondade e da compaixão faz
parte do comportamento requerido ao profissional
de saúde.
Em
psicoterapia, no tratamento dos nossos traumas emocionais, a bondade e a
compaixão podem ser treinadas e fazer
parte do tratamento de diversas perturbações psíquicas/emocionais.
Manuel Fernando Menezes e Cunha
