quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Comportamentos caídos em desuso: a bondade e a compaixão

Ser atencioso, gentil e prestável não prejudica a saúde ou o bem-estar de quem quer que seja. Pelo contrário: praticar a bondade e a compaixão é extremamente saudável para quem a pratica e para quem a sente. A bondade ajuda a fazer amigos.

 

Desde há muito que é conhecido e comprovado pelas informações obtidas nos exames de ressonância magnética funcional (FMR) que visualizam as regiões do cérebro ativadas por sensações ou emoções, que até o ato de imaginar compaixão e bondade,
faz ativar hormonas,
regiões e estruturas no cérebro que nos fazem sentir bem no relacionamento que mantemos com a outra pessoa.

 

A bondade é uma disposição natural que o nosso cérebro possui, mas que para se manifestar necessita de se desenvolver e criar características pessoais. É no contacto entre a criança e o seu meio ambiente que esta aprendizagem tem lugar.


Políticos, deputados, governantes e autarcas, de todos os quadrantes ideológicos, surpreendem-nos frequentemente com comportamentos não expectáveis, pois parecem-nos rudes, ofensivos e arrogantes. Alguns exemplos do que dizem políticos:
“Ponto final, paragrafo.”
“Nem mais um cêntimo.”
“Quem parte e reparte e …”
“Vamos pôr Portugal em ordem.”
“Vou proteger as mulheres, quer elas queiram ou não.”


O que leva políticos e governantes a comportamentos tão rudes, onde parece haver desprezo e indiferença, raiva e até ódio para com os seus pares, como para com o cidadão anónimo? Como viver em sociedade e negociar entendimentos, sem respeito, empatia e bondade? Será que governantes e políticos têm perfil moral, ético e social necessário para exercerem as funções que lhes são atribuídas?


A nossa saúde melhora com a bondade e a compaixão que conseguirmos sentir e transmitir


Praticar a bondade e a compaixão tem como objetivo que as outras pessoas se sintam respeitadas e em segurança. É um comportamento incondicional que não procura retorno ou lucro: reforça-se a si mesmo e multiplica-se. A bondade, é uma sensação profunda de calma, de respeito próprio, de paz consigo mesmo e com os outros. Provoca no outro surpresa, encantamento e confiança. Provoca nas pessoas curiosidade, o desejo de comunicarem e de se conhecerem melhor. A prática da bondade, da gentileza e da compaixão é extremamente saudável: transforma (melhora) o nosso cérebro, reduz a nossa ansiedade, a nossa tensão muscular, o nosso estado de alerta, a nossa desconfiança e ódio, reduz a nossa desilusão e tristeza, faz-nos acreditar.
A bondade não é fraqueza: é a força do auto-respeito e do carinho partilhados, que nos
purifica e aproxima uns dos outros. A prática da bondade e da compaixão faz parte do comportamento requerido ao
profissional de saúde.  

 

Em psicoterapia, no tratamento dos nossos traumas emocionais, a bondade e a compaixão podem ser treinadas e fazer parte do tratamento de diversas perturbações psíquicas/emocionais.


Manuel Fernando Menezes e Cunha