Delirar sobre a imigração
O
sofrimento, permanente e continuado, afeta gravemente a nossa saúde e comportamento.
Num artigo publicado
no The Guardiam de 12 de fevereiro de 2025, o autor escreve: “Numa geração, a
Suécia tornou-se poliglota e cosmopolita – mas a negação encontrou a onda de
supremacia branca que varre o país”
Contrariamente ao
que o jornalista afirma, nada leva a crer que um número significativo de
pessoas na Suécia tenha aprendido turco ou árabe. Quanto às culturas, tanto
turca como árabe, enclausuradas pela religião e oprimidas por regimes
autoritários, há muitos séculos que mal conseguem sobreviver.

A estratégia que
o autor segue no seu artigo tornou-se clássica. O modelo consiste em fantasiar
sobre as vantagens da imigração em massa -descontrolada e ilegal-,
descontextualizar e desumanizar o fenómeno da imigração -que é sempre uma fuga
e uma experiência terrivelmente traumática- e terminar a insultar os cidadãos
dos países de acolhimento quando estes não partilham a opinião dos políticos e
dos jornalistas. Por este ´delito de opinião´ o cidadão comum é demonizado: é
acusado de ser desumano, retrógrada, racista, branco, homem, supremacista,
populista de extrema-direita! Para as pessoas visadas, os cidadãos comuns, estes
insultos são horrorosos e chocantes. A extrema-direita agradece à
extrema-esquerda.
Na realidade a
imigração em massa -descontrolada e ilegal- na Europa dos finais do século XX
até hoje, tem sido um caos e uma enorme tragédia.
O que conduz
as pessoas à condição de imigrante?
Na Europa, centenas
de milhares de pessoas extremamente pobres e semianalfabetas, -oriundas de
outros continentes- ´educadas´ e impiedosamente oprimidas por regimes
ditatoriais e uma religião que, também ela, exige a submissão incondicional,
foram forçadas a percorrer milhares de quilómetros para conseguirem sobreviver
e dar de comer á família. Mas, no entanto, estes imigrantes não se opem nem ao
regime, nem aos dogmas religiosos que são obrigados a seguir, e que os levaram
à condição de refugiados.
O que leva as
pessoas a recusar a sociedade de acolhimento?
Há luz da
educação que lhes foi ministrada, dos hábitos culturais que lhes foram
inculcados e da religião que têm de praticar, a grande maioria destes
imigrantes chega à conclusão de que as sociedades ocidentais, laicas e
democráticas, são impuras e desprezíveis. Nestas condições, é natural que a
maioria dos imigrantes desprezem e desconsiderem o país de acolhimento, os seus
cidadãos, costumes e tradições, história e religião. Assim, a grande maioria
destes imigrantes não tem nem vontade, nem a intenção de se integrar na
sociedade de acolhimento. De
acrescentar, que se houver tentativa de integração por parte de alguns
imigrantes, ou seja, interesse pelas pessoas e pela sociedade de acolhimento,
tal comportamento vai -invariavelmente- ser considerado reprovável, ofensivo e
inaceitável pela comunidade e pela família do imigrante. Mais grave ainda, e
extremamente perigoso para o imigrante, seria questionar os dogmas religiosos
da sua comunidade e da família ou a legitimidade dos regimes autoritários e
repressivos dos países de origem.
Processos de
emancipação e de libertação
Os governos, os
políticos, os partidos políticos e os meios de comunicação dos países de
acolhimento sabem perfeitamente que os imigrantes foram oprimidos e
incrivelmente maltratados nos países de origem -o que os obrigou a fugir- mas
não questionam nem os governos, nem os dogmas religiosos que os impediram de se
libertarem e de se emanciparem. Os governos, os políticos, os partidos
políticos e meios de comunicação dos países de acolhimento tornaram-se
coniventes com os sistemas políticos autoritários e as práticas religiosas dos
países de origem dos imigrantes, mas, mais grave ainda, não os ajudam, ou
apoiam, a desenvolverem processos autónomos de emancipação sociocultural e
política.
Nos países de
acolhimento, os grupos políticos e os seus ativistas, que apoiam e exigem a
imigração em massa e a legalização dos ilegais, fazem-no numa perspetiva
ideológica muito mais ampla. A sua estratégia consiste em enfraquecer sociedade
para mais facilmente a influenciar.
Nos países de
origem, os regimes políticos e as organizações religiosas enriquecem-se com as
economias que os imigrantes enviam.
Ninguém faz
nada pelos imigrantes ou está interessado nos imigrantes. De uma forma ou de outra, todos
exploram e oprimem os imigrantes, pessoas extremamente fragilizadas e que são
impedidas de escrever a sua própria história.
A integração e
a convivência pacífica, são possíveis
Com se não houvesse História, nunca é assinalado
o facto de que a imigração, igualmente em massa e muitas vezes ilegal,
proveniente de Portugal, Grécia, Espanha e Itália, mas também da Polónia, entre
anos 50 e 70 do século passado, foi absolutamente pacifica e que a integração destes
imigrantes nas sociedades de acolhimento se realizou sem conflitos ou violência.
Pedir desculpa
a uns, prestar ajuda a outros
É absolutamente
inaceitável continuar a recusar fazer uma revisão honesta, numa perspetiva
ética e humanista, das atuais políticas de imigração que têm estado na origem
de indescritíveis tragédias. É necessário pedir desculpa à sociedade civil dos
países de acolhimento pelo terror e pelo sofrimento que lhes tem sido
infligido. Não assumir os erros e,
particularmente, continuar a não querer ouvir os cidadãos e a não querer falar
com eles, é colaborar com quem tem como objetivo enfraquecer e destruir a nossa
sociedade democrática.
No planeta, na
ausência de alterações políticas de fundo, a imigração em massa e totalmente
descontrolada vai continuar a aumentar, de forma exponencial, tal como os
conflitos, a violência e o sofrimento. Para evitar que tal aconteça é urgente
desenvolver nos países de origem políticas que se inspirem nos princípios de Good Governance que respeitam as Liberdades Individuais
e os Direitos do Homem. Esta é uma estratégia de desenvolvimento socialmente
responsável capaz de criar riqueza e permitir aos cidadãos construir a sua
própria vida, em segurança e sem terem de fugir.
Manuel Fernando
Menezes e Cunha
Lisboa 17 de
fevereiro de 2025
Menezes e Cunha é
psicólogo e economista. Escreve artigos de opinião no
sapo.pt e mantém
diversos blogs.